quarta-feira, 28 de maio de 2008

E depois do minibásquete… Que soluções? (2)


Opinião

San Payo Araújo

Director-técnico do Comité Nacional de Minibásquete




Surgem sempre mais hipóteses

A transição dos Mini-12 (Sub-12) para o escalão seguinte (Sub-14) é difícil por um conjunto de situações que vamos enumerar, ou elencar, utilizando uma das palavras da moda. Estas diferenças são de ordem diversa e podem ser caracterizadas, entre outros factores, a nível das dimensões e tamanho dos campos e material, da organização desportiva, do tempo de utilização do praticante e finalmente, se calhar o factor mais importante, a diferença de maturação.
Dimensões e tamanho: a nível das dimensões e tamanho, para além do aumento da dimensão do campo, a altura do cesto passa de 2.60 m para 3.05 m e a bola deixa de ser a número cinco para ser a número seis;
Organização competitiva: a nível da organização competitiva temos várias alterações. Os árbitros deixam de ser os “amigos” para serem árbitros oficiais. Os jogos deixam de ser convívios e jornadas concentradas com jogos em simultâneo e passam a ser jogados em “casa” e fora, em campo único com a atenção dos espectadores centrada num só jogo. Já não está em causa apenas o resultado do jogo. Este passa a contar para uma classificação, para o apuramento de títulos regionais, apuramento para provas nacionais etc.;
Tempo de jogo e utilização dos jogadores: por força da organização competitiva e dos regulamentos, o peso das convocações passa a ser maior. Em muitas situações os jogos passam a ser menos por época, um por semana. Este facto implica que, quando uma criança (Sub-13) não é convocada, vai ficar duas semanas sem jogar. Noutras situações treina uma semana ou mais semanas para ter a possibilidade, quando convocado, de estar 10 minutos em campo.
Puberdade e maturação: às situações referidas devemos juntar o facto de, em muitos casos, podermos reunir em campo jovens com praticamente dois anos de diferença, numa fase de desenvolvimento em que as diferenças de maturação são enormes. Por exemplo, se na próxima época 2008/09 juntarmos em campo um jovem Sub-14 nascido em Janeiro de 1995 com um jovem vindo dos Mini-12 nascido em Dezembro de 1996, ambos são Sub-14, mas na prática têm dois anos de diferença numa fase em que o crescimento dos jovens é enorme. Neste caso, a partir de Janeiro um dos jovens já tem 14 anos feitos e o outro acabou de fazer 12, e jogam no mesmo escalão. Por outras palavras, enquanto um já é um rapaz em plena maturação da puberdade, com os ganhos de crescimento e força que daí advêm, o outro é muitas vezes ainda um menino, que começa a despontar para a puberdade.
Diz-me a experiência e muitos anos de observação que, normalmente, o escalão de Sub-13 envolvendo 2 anos de nascimento apresenta menos discrepâncias de maturação que um escalão de Sub-14. Esta seria assim uma solução para suavizar a transição: o Mini terminaria nos Sub-11 e os escalões seguintes seriam os Sub-13, Sub-15, Sub-17 e Sub-20, sem excepções para mais velhos até aos Sub-22.
Termino com uma ideia já formulada: não há apenas um caminho, existem vários. “Quando pensamos que encontrámos todas as soluções, surge sempre mais uma hipótese, pelo que todas as opções e caminhos são legítimos desde que tenham consistência, coerência interna e apresentem resultados". Para a semana apresento outras soluções.

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