No final, o BC conversou com a treinadora Sofia Pereira.
A que principais factores se deve o apuramento para a Fase Final nacional?
Esta ida à Fase Final resulta de um trabalho de cinco anos. Quando regressei à Académica para trabalhar como treinadora, a convite do Luís Santarino, a minha ideia era pegar numa equipa de Minis que mais tarde viesse a obter resultados noutros escalões. Metade deste grupo é já de segundo ano e as expectativas apontavam precisamente para que já este ano conseguíssemos este resultado. O principal objectivo foi atingido, que é estar na Fase Final, mas não é por o termos conseguido que vamos deixar de trabalhar ou deixar de lutar para continuarmos a ganhar. As jogadoras estão de parabéns, alcançaram uma óptima conquista, mas vamos continuar a lutar pelo melhor resultado em todos os jogos. Se perdermos mas tivermos lutado eu sairei satisfeita; se ficarmos em último lugar mas tivermos lutado em todos os jogos, ainda mais satisfeita ficarei. Desde que haja luta e espírito de entrega por parte das jogadoras, todas deveremos estar muito satisfeitas pois fizemos uma óptima época.
Que importância tem para a equipa e para as jogadoras a participação numa fase final nacional?
Em relação às jogadoras o ideal é perguntar-lhes a elas. Estão a passar por uma fase em que nós, por vezes, não sabemos muito bem o que é que elas sentem. Em termos de equipa esta ida à Fase Final demonstra o trabalho regular que conseguimos realizar, porque todas são muito assíduas e estão sempre muito disponíveis para os jogos. Por vezes tenho problemas em fazer as convocatórias, pois é raro haver uma jogadora que me diga que não pode jogar, o que é fruto de um conjunto de regras que estabelecemos desde o início. Portanto, é muito importante que elas se apercebam que os resultados que temos vindo a alcançar resultam do trabalho que realizámos. Isso é muito importante e dá a indicação a estas "miúdas" de que com trabalho e com dedicação consegue-se atingir resultados. Esta é a principal mensagem que eu gostava que elas tirassem do percurso que efectuámos. Valeu a pena toda a entrega ao basquete e à Académica.
Perspectivas para a Fase Final? Tens conhecimento sobre as outras cinco equipas, nomeadamente sobre a Sanjoanense, adversária no primeiro jogo?
Vamos na expectativa. Temos falta de conhecimento em relação a algumas equipas e um "bocadinho" em relação a outras. Infelizmente não tenho disponibilidade para ver jogos das outras equipas, como por exemplo a da Sanjoanense, que gostava de ter visto jogar. Sabemos que vamos defrontar equipas muito fortes, já com alguma táctica e que já treinaram determinados conceitos que na minha opinião ainda não deviam passar pelas Iniciadas. Mas vamos para fazer o melhor possível e claro que como treinadora acho que estas "miúdas" merecem o título nacional, por tudo o que já disse anteriormente. O que lhes peço, sobretudo, é que se entreguem ao jogo e dêem tudo o que têm a dar, sempre com muita luta. Se no final o resultado for a nosso favor, será fantástico.
O público acompanhou sempre a equipa nos momentos decisivos. Neste caso, atendendo à distância, que tipo de apoio esperas encontrar no Municipal de Vila Real de Santo António?
O que é incrível é que vamos jogar a mais de 400 kms de casa e não sei se vamos sentir muito a diferença em relação aos últimos jogos. Todos os dias aparecem mais pessoas novas que vão acompanhar a equipa. Os pais vão, na grande maioria, como sempre têm feito, assim como atletas de outras equipas, nomeadamente das Juniores e dos Cadetes, vai a Carmo, vai o Pedro, portanto vamos ter muito público e nesse aspecto acho que não nos vamos ressentir muito.
Que importância atribuis a este treino de conjunto com as Sub-19? Foi frequente ao longo da época?
Aqui na Académica temos um fosso provocado pelo facto de não termos Cadetes. Mas que acaba por não se notar muito porque juntamos estas duas equipas com alguma regularidade, nomeadamente nos períodos de férias. O fundamental é os dois treinadores terem mais ou menos a mesma visão do basquete, o que felizmente acontece. E eu tenho muito a aprender com o Pedro Rebelo, que tem uma óptima experiência. Por vezes eu dou determinadas indicações e depois o Pedro reforça o que eu disse, o que é óptimo porque as jogadoras vêm que falamos a mesma linguagem. Por outro lado, depois de termos feito todo o campeonato distrital sem grande oposição, aproveitamos estes momentos de treino com as Juniores para termos mais dificuldades. As nossas "miúdas" vêm sempre extremamente concentradas e fazem treinos excelentes, com a indispensável oposição. Para além de tudo isto, cria-se um espírito de grande empatia entre os dois grupos.
Este grupo vem quase na totalidade do Minibasquete, o que reforça a importância do trabalho realizado neste escalão...
É fundamental as "miúdas" iniciarem no Minibasquete, fazer-se um bom trabalho neste escalão e depois uma boa transição para os Iniciados. No ano passado já tivemos muita preocupação com essa transição, este ano ainda mais, porque é um momento decisivo e no qual, por vezes, há abandono do basquetebol por parte dos praticantes. Este trabalho de base é fundamental. Fazer cedo a captação, ainda no Minibasquete transmitir os conceitos básicos e depois ajudá-los na transição para o escalão superior.
Mensagem que gostarias de deixar para os visitantes do blogue?
Sendo os resultados que temos vindo a obter fruto de um trabalho de vários anos, a minha mensagem vai sobretudo no sentido de que os clubes dêem cada vez mais importância à formação, não só em quantidade mas também em qualidade. Se realmente queremos ter jogadores com qualidade nos Seniores, é preciso apostar fortemente na formação. Infelizmente continuamos a assistir a que os treinadores conceituados estejam sempre "lá em cima", sem virem "cá abaixo". Há uma certa evolução nestes aspectos, mas ainda pouco significativa. Se fizermos uma boa formação no Minibasquete e uma boa transição para os Iniciados, tudo o resto começa a aparecer. Claro que quem ler estas palavras pode pensar que é muito fácil dizê-lo mas difícil concretizá-lo, porque na realidade os clubes não têm espaços para aumentar o número de praticantes. Nós sentimos isso na Académica. Mas o caminho dos clubes deve ser olharem para a formação, para a base, e depois fazerem pressão junto das outras entidades para que dêem mais importância a esse trabalho, nomeadamente na criação de infra-estruturas. Para além destes aspectos que já foquei, gostava que se desse mais importância ao basquete feminino. Este ano o basquete feminino de Coimbra esteve a um passo de fazer um brilharete, pois tem uma equipa na Fase Final de Iniciadas, teve uma equipa quase na Fase Final de Cadetes (Olivais), teve outra equipa quase na Final de Juniores (Académica) e tem uma equipa campeã nacional da Liga Feminina (Olivais). Pessoalmente tive imensa pena que tanto a Académica como o Olivais tenham "morrido na praia", porque acho que para o bem do basquete feminino teria sido um grande passo que todos teriam de aproveitar, nomeadamente os clubes.
Um comentário:
Não podendo estar fisicamente presente, estarei em espírito ! Força nas canetas, habilidade nessas mãozinhas, menos de 30 turn-overs por jogo e não há adversário que assuste ! Mas atenção, as equipas são fortes, quem o diz é o meu dedo mindinho, tal qual o algodão...não engana ! Mas alojadas em magnífico aparthotel, com pequeno-almoço a olhar para o oceano, com a claque presente praticamente a 100% (falto eu...), com notícias sempre fresquinhas a serem lançadas no blogue por esse incansável Tózé, tudo que seja abaixo do 6º lugar...é péssimo e acima do 4º...é honroso ! Que se divirtam à grande, nada de lágrimas, só sorrisos e tratem bem as adversárias (no final do jogo) e os Senhores Árbitros (antes, durante e depois). E não se esqueçam, ao lado da centenária instituição AAC - nasceu em 1887 - todas vós (Ana incluída) são umas imberbes, logo, respeitinho pelo emblema !!! E já chega de entrevistas...Boa sorte. Beijos. João Medeiros
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