Entrevista de Moura Távora ao Semanário Desportivo do Centro

Mouta Távora, em entrevista, fala-nos do futuro do Clube PT

“Queremos lançar uma nova imagem que vai custar a aceitar”

Sónia Morgado

O Clube PT marca presença na cidade de Coimbra há mais de uma década, sendo conhecido pela grande aposta na formação. No segundo ano do projecto “Basket PT” Moura Távora, responsável da Secção, dá-nos a conhecer os objectivos do Clube para os próximos tempos, justificando o adiar da criação de equipas seniores.

Semanário Desportivo do Centro (SDC) – O Clube PT iniciou no ano passado o projecto “Basket PT” em Coimbra. É um plano para manter esta época já com a criação de seniores?
Moura Távora (MT) – Sim, vamos manter o projecto em que nos propomos, em três anos, atingir as primeiras equipas seniores efectivamente do clube. Esse é um plano que já dura há um ano e colocavam-se neste momento perante nós dois cenários: um, se adoptávamos já a primeira equipa sénior, constituída pelas Juniores do Clube PT, já que os masculinos seriam só na época seguinte; ou então mantermos todas as formações e a partir da próxima época ter duas equipas seniores. Acabámos por optar por este segundo cenário.

SDC – O que os levou a não criar já este ano a primeira equipa sénior, uma vez que já tinham essa possibilidade?
MT – Foram essencialmente duas razões. Por um lado, queríamos cumprir todo o plano de formação que nos tínhamos proposto desde que começou o Clube, já lá vão 14 anos. Por outro lado, por uma questão de consistência de organização da própria Secção, do próprio basquetebol, não nos devemos meter em “cavalarias” só para dizer que temos, ou seja, vamos chegar lá paulatinamente, com os cuidados financeiros que isso nos exige, e com a maioria das atletas com formação nas escolas do Clube. Não queremos almejar ter num ano equipas seniores e no seguinte não ter. Isso seria andar para trás. Assim, o segundo cenário mostrou-se mais viável e mais correcto em todos os pontos de vista. Nesta decisão pesou também a questão da fidelidade aos próprios atletas. Se nós temos um conjunto enorme de atletas e que estão fiéis a esta casa há vários anos, seria mau da nossa parte iniciar um projecto sénior logo no primeiro ano constituído na sua maioria por atletas de fora.

SDC – Tendo em conta o que nos acabou de contar qual é, então, o grande objectivo do Clube PT para a época que agora se inicia?
MT – No princípio de cada ano, o nosso objectivo e lema desta casa +e sempre um: partimos para fazer o melhor que sabemos e podemos. Sabemos o valor das nossas equipas, de todas que estão em competição connosco e por isso vamos tentar ir o mais longe possível. Queremos ganhar cada vez mais e esperamos que este ano seja não de concepção mas de afirmação definitiva do basquetebol da Portugal Telecom.

SDC – O Clube PT corre algum risco de se vir a extinguir, como por vezes já se falou?
MT – Desde há 14 anos que existimos pergunta-se sempre se o Clube vai continuar, se o pavilhão vai abaixo, se vamos ter casa ou se o projecto vai morrer… Não. Nós estamos numa nova fase, de consolidar toda esta verdade que já existe e que em termos sociais nesta urbe ninguém consegue desmentir que ela está aí. A nossa grande finalidade agora passa por implementar mais o basquetebol na PT. Para isso criámos uma estrutura organizativa completamente nova em termos de gestão, para que seja planificado trabalho para os próximos quatro anos, de uma forma muito consistente e acima de tudo com um estilo muito empresarial. Isto tem a ver com o facto do desporto hoje viver muito à custa dos pais, da carolice e nós queremos dar o salto. Queremos provar que nesta casa, neste país, nesta cidade é possível fazer o mesmo tipo de projecto que existe em outros países e de que tanto se fala. Iremos criar objectivos e trabalhos à medida dos recursos que temos. Esta é efectivamente a nova filosofia do basquetebol PT para os próximos anos. O projecto está lançado, firmado e vai continuar.

SDC – Olhando agora para as equipas e para os atletas. São muitos os que este ano vão entrar em competições oficiais?
MT – Vamos ter seis equipas em competição, desde os Iniciados aos Juniores, e pela primeira vez nesta casa temos em todos os escalões equipas tanto do sexo masculinos como feminino com pelo menos um deles em cada escalão. Quanto a atletas, este ano estamos com praticamente os mesmos do ano passado, cerca de 160. Há poucas entradas, com excepção dos Minis, o que é normal todos os anos.

SDC – Quanto ao quadro técnico, mantém-se o mesmo do ano passado ou há novidades?
MT – Neste âmbito fizemos uma nova aposta. Trouxemos um conjunto de treinadores novos para esta casa, fruto de toda esta inovação. Mantêm-se quatro e vieram mais quatro, com uma nova situação em cada equipa oficial e junto de cada técnico principal conseguimos colocar um treinador adjunto, todos eles atletas do Clube, alguns já com carteira de treinador e outros à espera de tirar em breve. Estamos nesta nova organização a criar um novo estatuto com um corpo técnico que no futuro nos assegure a continuidade não só dos atletas mas também dos treinadores.

SDC – Este novo rumo do Clube PT conta com o apoio de mais pessoas além dos membros da Direcção?
MT – Sim. Os pais, como vem sendo hábito, têm um papel muito importante e activo aqui no Clube PT. Com esta nova organização vão ter um espaço muito próprio. Vão ser os agentes activos da questão financeira, não só com o pagar das mensalidades dos filhos como na fiscalização de toda a parte financeira da Secção, que é também uma novidade no desporto português. Todo este nosso trabalho tem vindo a ser desenvolvido unicamente com ajuda do Clube PT e pais uma vez que em termos oficiais continuamos mais um ano a não ter qualquer patrocínio da Câmara Municipal ou instituição oficial. A autarquia não nos vê como um Clube da cidade, mas a verdade é que lidamos todos os dias com 200 crianças desta urbe. É esta a realidade e lamentamos esta falta de apoio…