quarta-feira, 26 de março de 2008
"Diga Minibásquete..."
OPINIÃO
San Payo Araújo
Director Técnico do Comité Nacional de Minibásquete
"Diga Minibásquete e não Minibasquetebol. Minibásquete quer significar precisamente que este jogo é uma coisa e o basquetebol é outra." (Mário Lemos)
Gosto de dar a minha opinião, quando para tal sou solicitado. Contudo, não me sinto confortável no papel de "opinion maker". Costumo dizer que gosto muito de pensar pela minha cabeça, mas não sou surdo. Como tal, faço sempre um grande apelo a quem me ouve, que não repita as minhas palavras, mas reflicta sobre as mesmas. Nunca me considerei dono da verdade e quando ensino, ensino igualmente a questionar ou duvidar o que acabo de ensinar. Não há apenas um caminho. Existem vários, e quando pensamos que encontrámos todas as vias, surge sempre mais uma. Para mim todos os caminhos são legítimos desde que tenham consistência, coerência interna, lógica e no final apresentem resultados.
Esta introdução vem a propósito dos comentários, que desde já sinceramente agradeço, suscitados pelo meu texto "Desenvolver o minibásquete, que estratégias (1). Estes fizeram-me reflectir, enriqueceram o meu pensamento, aprender com outras perspectivas, mas não abalaram, ou até talvez tenham reforçado, a minha convicção mais profunda, que não me canso de repetir: no minibásquete o mais importante é a criança.
A palavra minibásquete tem subjacentes os conceitos de criança (mini) e o conceito (jogo desportivo) de basquete. Quando eu falo em minibásquete posso posicionar-me na perspectiva do desenvolvimento da criança, ou na perspectiva do desenvolvimento do jogo desportivo, por outras palavras da modalidade. Modalidade que eu tanto gosto. Como técnico e agente da Federação será expectável que eu deva desenvolver a modalidade e que daí resultem benefícios para as crianças. No entanto, quem me conhece sabe que embora eu compreenda as diversas perspectivas, por apelo interior e formação, o mais importante para mim, no minibásquete, é desenvolver as crianças e que daí resulte um benefício para a sociedade em geral e para a basquete em particular.
Não é talvez o caminho mais evidente, mas é se calhar o mais seguro, até porque, (mal ou bem, mas isso é uma outra discussão) todos sabemos que na actual conjuntura, dificilmente existirá minibásquete sem o apoio e o empenho dos pais e estes, como diz a Alexandra, cada vez mais e cito "tem consciência da importância da actividade física na formação dos seus filhos e fazem por vezes grandes sacrifícios para poder proporcionar-lhes a integração num grupo desportivo."
PS: Caro Carlos Grave, na perspectiva de considerarmos o vértice, como referiu o dono da obra, por outras palavras quem tem o poder de tomar decisões, e não na perspectiva da quantidade e qualidade dos praticantes, também eu sou muito crítico em relação a muitos "donos de obras". O problema é transversal, começa em muitos clubes, nem todos evidentemente, vai subindo e acaba no Estado. Mas esse é um tema que eu noutra ocasião poderei abordar. O que me custa é quando as palavras são apenas chavões vazios sem conteúdo, como por exemplo ouvir um dirigente de um clube duma equipa de meio da tabela do CNB2 dizer: "A formação é fundamental, sem formação não crescemos e não vamos a lado nenhum", mas depois, na hora das decisões, a equipa "mais representativa"do clube, os Seniores, treinam no horário nobre das 18H00 às 20H00 e os escalões de formação (Sub-14 e Sub-16) treinam em meio campo cada das 20H00 às 22H00…
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