quarta-feira, 4 de junho de 2008

E depois do Minibásquete… Que soluções? (3)


Opinião

San Payo Araújo

Director-técnico do Comité Nacional de Minibásquete




O que os prende é a possibilidade de jogarem

Na minha experiência raramente encontrei uma criança, cuja motivação prioritária para a prática desportiva fosse a necessidade de ser campeão. É do conhecimento, se não generalizado, pelo menos comum, que as motivações que levam uma criança ou um jovem à prática desportiva são entre outras as necessidades de:
- se mexerem, correrem saltarem e suarem;
- estarem com os amigos ou conhecerem novos amigos;
- serem reconhecidos seja pelos amigos, treinador ou pais;
Estas são, de um modo geral e por prioridade, diferente de criança para criança, as motivações que levam um jovem à pratica desportiva. Contudo, dêem-lhe as voltas que derem o que prende, principalmente na puberdade e adolescência, um jovem a uma modalidade colectiva, é a participação nos jogos, a possibilidade de poderem jogar.
Por outro lado, o que normalmente motiva e prende um adulto à modalidade é a possibilidade de ver ou mostrar resultados. Estes são habitualmente expressos em títulos ou numa classificação.
Os doutrinadores do MB, respeitando as necessidades das crianças e não dos adultos, decidiram praticamente desde a génese desta actividade direccionada aos mais jovens, que no MB todos os participantes num jogo tinham que jogar rigorosamente o mesmo tempo. Na sua origem, o MB era jogado por dez jogadores na modalidade de 5x5, em 4 períodos, e todos os praticantes tinham que jogar obrigatoriamente o mesmo tempo.
Se o objectivo fundamental fosse vencer então para quê fazer regras diferentes? O MB seria como nos Seniores e jogavam apenas os melhores e os que dessem mais garantias de ganhar.
Na semana passada dei uma sugestão para a transição do minibásquete para o escalão seguinte, que implicava a alteração das idades dos escalões. Hoje proponho uma outra solução: sem modificar as idades dos actuais escalões, sugiro a introdução de um escalão de Sub-13, os Infantis.
Entre 1998 e 2000 exerci as funções de Director Técnico da Associação de Basquetebol de Lisboa. Nesse período introduzi em Lisboa, com grande sucesso, o escalão de Sub-13. A organização deste escalão rompeu na altura com uma série de normas e convenções estabelecidas que relatarei num dos próximos textos.
Pensar o futuro, compreender as dificuldades e necessidades dos jovens e ter a capacidade de reflectir fora do convencional é um desafio que gosto sempre de lançar.

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