Ao cabo da segunda de três voltas, o Olivais conquistou o ceptro distrital de Sub-20 Masculinos e assegurou a única vaga de acesso ao Campeonato Nacional da categoria. Em entrevista ao Basquetebol Conimbricense, o “capitão” Pedro Liberado congratula-se com o feito alcançado e garante que a equipa tem ambição e não vai ao “Nacional” apenas para “marcar presença”.
Como viveu o grupo a conquista do título distrital de Sub-20 Masculinos?
O grupo viveu este momento com grande tranquilidade, sem grandes festas. Obviamente que estamos contentes e confiantes pelo facto de termos conquistado o Título Distrital, que para muitos de nós foi o primeiro. No entanto, para ser sincero, gostaríamos de ter festejado o título no dia 14 de Novembro, no nosso pavilhão, mas tal não foi possível devido ao que já todos nós sabemos. É evidente que a euforia de vencer uma partida em campo é completamente diferente do que vencê-la na “secretaria”, mas penso que o desfecho do campeonato seria o mesmo se o jogo tivesse recomeçado ou até nem tivesse sido interrompido.
Na tua opinião, a que se deve esta conquista que o grupo vinha perseguindo há anos?
Esta conquista deve-se, essencialmente, à união presente no grupo desde há vários anos. Na época passada estivemos a um “pequeno passo” do título, mas a vitória acabou por sorrir ao Ginásio. No entanto, classificámo-nos para a Taça Nacional onde ficámos em 3.º lugar. Esta época apenas havia um vaga para as competições nacionais, neste caso o Campeonato Nacional, e garantimo-la, ao ficar em 1.º lugar. Tenho que referir que foi bastante importante para a equipa a chegada do Mexia e do Pauleta, pois ajudaram-nos a trabalhar para que fosse possível atingir os nossos objectivos, assim como o facto de seis de nós treinarmos habitualmente com a equipa sénior.
O "Distrital" fica marcado pelos incidentes no jogo Olivais-Académica. Queres dar a tua versão dos acontecimentos?
Com todo o respeito, penso que é escusado voltar a falar no sucedido. Todos nós sabemos o que se passou. Eu seria mais uma versão para além das inúmeras que já li e ouvi. É verdade e só posso concordar quando diz que este acontecimento marca o Campeonato Distrital de Sub-20, mas em especial, a meu ver, marca o basquetebol no distrito e as pessoas que nele participam, seja por que razão for.
Para "acabar com as dúvidas", gostavas que o jogo fosse repetido na íntegra ou, pelo menos, concluído?
Eu gostaria que nada disto tivesse acontecido, que algumas pessoas que intervêm no jogo para que o espectáculo se proporcione não tivessem intervido ou, se não se conseguem conter, que o tivessem feito dentro das regras estipuladas pela FIBA e não outras. Depois do espectáculo estar estragado, o Conselho de Arbitragem tomou uma decisão tendo em conta todos os acontecimentos protagonizados por atletas, treinadores, directores, adeptos... Seja o que for. Agora, esperemos que não volte a acontecer nada do género para bem do basquetebol em geral e, em particular, do distrito de Coimbra.
Perspectivas para o "Nacional"?
Somos uma equipa com muita ambição. Apesar de não possuirmos os mesmo meios que equipas do Porto e Aveiro, a nossa união, por vezes, causa surpresas. Queremos ter uma palavra a dizer contra qualquer equipa e não apenas “marcar presença”. Essa não é a nossa mentalidade! Não somos favoritos, nem temos a experiência que outras equipas têm, mas temos QUERER e isso nenhuma equipa nos poderá tirar.
De que forma pensas que se irá reflectir no "Nacional" o facto de o "Distrital" ter sido um pouco atípico, com poucas equipas e pouca competição?
É triste realizar-se um campeonato com apenas três equipas, mas é o reflexo da crise que os clubes de Coimbra têm em formar equipas, assim como jogadores que possam vir a integrar equipas seniores no futuro. No entanto, no “Nacional” iremos encontrar equipas com 20 jogos ou mais, onde alguns jogadores se encontram a fazer dois campeonatos e já chegam ao “Nacional” com mais de 30 jogos realizados. Nós sabemos disso e sabemos que é difícil, mas não serve de desculpa para nada.
Seis jogadores da equipa estão também a jogar pelos Seniores. Que importância atribuis a esse facto?
A meu ver, é extremamente importante treinar com a equipa sénior. Existe uma maior competição, tanto a nível técnico como físico, o que nos permite adquirir alguma experiência para que, quando subirmos a Seniores, já nos encontrarmos totalmente integrados na equipa e no contexto das dificuldades do campeonato a realizar. O facto de jogar e treinar pela equipa sénior transmite-nos também uma maior confiança quando entramos em campo no nosso escalão, o que até agora tem abonado a nosso favor.
Fazer chegar às equipas seniores jogadores formados na “casa” é sempre uma meta a atingir pelos clubes. Nesse contexto, como defines a época que está a ser feita pelo Olivais e a política seguida pela Direcção e equipa técnica?
Obviamente que, sendo eu um atleta da “casa” e da equipa Júnior A, concordo com o trabalho que tem sido feito, pois só assim é possível fazer chegar atletas da formação às equipas Seniores do clube, o que já não acontece há largos anos, principalmente no Olivais, onde o único elemento da equipa sénior formado inteiramente no clube, para além de nós, é o Carlo Ferreira. Por vezes, quando uma equipa sénior/clube se encontra em crise, a solução pode estar no seio do próprio clube ou mesmo da própria equipa, apenas temos que dar continuidade ao trabalho realizado.