terça-feira, 6 de novembro de 2007

"Grande orgulho"

O Olivais é o clube do país com mais equipas em actividade. Ovarense, Brandoense, Académico do Porto, Desportivo da Póvoa, Montijo Basket, ACER Tondela, Basquete de Barcelos e Vitória de Guimarães dedicam-se igualmente a todos os escalões, mas o clube olivanense lidera o “top +” fruto de ter equipas “B” de Sub-14 Masculinos, Sub-16 Masculinos e Seniores Femininos. À conversa com o presidente Carlos Ângelo, o Basquetebol Conimbricense procurou saber quais os sentimentos que esta grandeza provoca entre as gentes olivanenses, mas também as dificuldades que traz ao dia-a-dia do clube.

Basquetebol Conimbricense (BC) - Com que sentimentos vê o facto de ser o Olivais o clube do país com mais equipas em actividade?
Carlos Ângelo (CA) -
É um grande orgulho para o clube e para os seus dirigentes. Temos de facto equipas em todos os escalões, nos casos dos Cadetes e dos Iniciados também com equipas “B”, para que os atletas não desanimem e não desistam do basquete. Havia muitos atletas para uma equipa, não muitos para duas, mas corremos o risco de optar pela segunda possibilidade de modo a que todos tenham mais participação nos treinos e nos jogos e, assim, encarem o basquete com mais ânimo e mais motivação, continuando assim a evoluir cada vez mais.

BC – Tanta actividade requer uma “máquina” muito bem montada…
CA -
É uma “máquina” muito difícil de montar e de conciliar, porque envolve muitas pessoas a dar apoio a cada uma das equipas. Na organização de jogos, por exemplo, temos sempre uma grande dificuldade em “encaixar” tantos jogos no nosso pavilhão. Curiosamente, por ironia do destino, este ano já tivemos um fim-de-semana sem nenhum jogo em casa, mas habitualmente coincidem muitos jogos aqui no Pavilhão Eng. Augusto Correia. Tem de haver uma grande conciliação entre todos e só com organização é possível que as coisas funcionem bem.

BC - Como resolvem a questão da falta de espaços para treino?
CA -
Todas as equipas fazem pelo menos um treino no nosso pavilhão. Temos depois o Liceu José Falcão que, apesar de ser pago, é uma grande ajuda para nós. Conseguimos fazer dois treinos em simultâneo uma vez que tem dois campos, ainda que um pouco mais curtos em relação às medidas oficiais. Temos ainda espaços cedidos pela Câmara Municipal no Pavilhão Multidesportos, também pagos, usados pelas equipas seniores, masculina e feminina.

BC - A construção de um novo pavilhão continua a estar no horizonte dos olivanenses…
CA -
De facto um novo pavilhão, com estruturas mais modernas e adaptado às actuais necessidades do desporto, daria para fazer coisas muito melhores. Mas esse horizonte é um bocado distante, porque há o problema da legalização do terreno, há o projecto, enfim, um sem número de passos que não permitem pensar que essa obra se possa concretizar a curto ou médio prazo. Até lá não podemos estar a pensar nisso, temos antes que remodelar o nosso actual espaço, dotando-o das condições mínimas para a prática do basquetebol. Temos o problema do piso, que andamos a tentar resolver, uma vez que já está perigoso para os atletas e propício a provocar lesões, e estamos já a avançar com uma reparação aos balneários. Toda a infra-estrutura do pavilhão precisa de ser remodelada a pouco e pouco, o que acarreta muitos custos. Estamos sempre a pedir e a depender de favores e, claro, as coisas processam-se de forma lenta…

BC - Como conseguem suportar as despesas que a actividade de tantas equipas acarreta?
CA -
Um grande número de equipas representa naturalmente um grande número de atletas. Quem paga tudo isto são os pais. Além das mensalidades, dão uma grande ajuda nas deslocações. Só assim é que conseguimos manter a nossa actividade e levar os “miúdos” para os jogos fora de Coimbra. E claro que temos também a preciosa colaboração de alguns patrocinadores e de donativos pontuais. Só com estas ajudas podemos fazer face às despesas que temos, nomeadamente com o aluguer de pavilhões.

BC - Ceder gratuitamente os pavilhões escolares não seria uma boa forma de compensar o esforço feito pelos clubes?
CA -
Sabemos que há toda a intenção do Sr. Vereador do Desporto da Câmara Municipal de Coimbra em conseguir um acordo para que haja cedência de pavilhões escolares para treino desportivo. Já houve inclusivamente reuniões nesse sentido. Claro que esta cedência não será só para o basquetebol, porque não é só o basquetebol que tem problemas de espaço, mas é um bom sinal e um bom incentivo para todos os dirigentes que andam no desporto saberem que a autarquia e o seu vereador estão preocupados e atentos a este problema e às dificuldades dos clubes.

BC – O reduzido apoio aos clubes desportivos, e o Olivais não será excepção, suscita-lhe desmotivação ou, por outro lado, mais imaginação para fazer face às dificuldades?
CA –
Tem de haver imaginação e boa vontade daqueles que nos apoiam, desde os pais aos patrocinadores. A Junta de Freguesia que tem um presidente que nos tem apoiado bastante, não tendo até ao momento nenhuma razão de queixa do presidente Francisco Andrade. A própria Câmara, apesar da fama de que nunca apoia, tem-nos ajudado dentro das possibilidades que tem. Sabemos que o dinheiro não se liberta de um dia para o outro e tem de facto havido algum atraso no RDM, mas há a promessa de ser pago mais um ano até final de Dezembro. Nós queremos sempre mais, mas cremos que dentro das possibilidades da autarquia e da conjuntura do país não podemos exigir muito mais.

BC - Os sócios do Olivais dão a devida importância ao facto de ser o Olivais o clube com mais equipas em actividade?
CA -
O Olivais e os seus sócios sabem da importância que tem a formação, que começa no Minibasquete. É aí que se começa a ganhar o gosto pela modalidade e que tudo começa, os bons atletas e os bons dirigentes e seccionistas através dos pais. Há consciência de todos de que a formação é muito importante no Olivais.

BC – Que importância ocupam as equipas seniores no actual contexto do clube?
CA -
As equipas seniores são sempre o patamar mais alto de qualquer clube, servindo de exemplo para os mais novos. É sempre bom quando olham “lá para cima” e sonham que um dia poderão estar naquela equipa. Mas também é um facto que acarretam muitos custos e só as podemos ter a este nível graças aos nossos patrocinadores, concretamente Chamagás e Freitas & Sobral. Não deixa de ser difícil de explicar como é que um clube que lida com tantas dificuldades e anda sempre a pedir dinheiro consegue ter estrangeiros e estrangeiras, mas só as temos mesmo graças aos patrocinadores.

BC - Ter equipas seniores em divisões inferiores seria dar um passo atrás?
CA -
É uma realidade em que todos teremos que pensar. De um momento para o outro o Olivais poderá ter que dar dois passos atrás e deixar de estar na Liga Feminina, que é a divisão mais alta em que participamos. Porque estamos dependentes de terceiros, neste caso de patrocinadores, e se num determinado ano não tivermos esse tipo de apoios não poderemos avançar para um campeonato sabendo que não teremos dinheiro para lá andar. O que nunca poderemos fazer é hipotecar o futuro do clube.

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